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2011/06/29


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Ela era assim. Forte, resistente, misteriosa. Vivia com as lágrimas sob controle, com o sorriso nos lábios. Mantinha a máscara, a armadura, querendo se afastar da realidade por ela ser tão dura. Não gostava daquilo, de se sentir fraca, sensível, manipulável. Então ficava assim. Empurrando as lágrimas com todas as forças para onde vieram, queria ter auto-controle. Queria ser somente dela. Mas a verdade é que ela nunca teve o poder da situação em mãos. Aquela garota de pedra poderia, a qualquer momento, se mostrar de porcelana, correto? Porque, se realmente estivesse no controle, se realmente fosse tão fria como dizia ser… Não teria que se esforçar tanto para fazer as lágrimas não rolarem pelo seu rosto, não é? Não teria esse medo de perder o controle todas as vezes que se mantém calada. Porque chega ser irônico o quão mutável ela se tornara. O quão lotado de “sim” o seu “não” era. Se tornou tudo, mas sempre com uma metade nada. O real problema talvez fosse o que se escondia por trás de seus olhos duros e daquele auto-controle todo. Talvez fosse… Talvez fosse o que ninguém nunca imaginaria que existia. O que ninguém nunca pensaria haver dentro daquela armadura. Um coração partido. Isso mesmo, o gelo de seu peito já havia sido quebrado uma vez. E isso fizera aquela necessidade de reciprocidade surgir. Sempre tendo um “Eu te amo” escondido num “Vá embora”. E se, na realidade, toda a confusão se escondera na simples mania de intensidade que ela adquirira? Como o hábito de amar demais. Amar de mais e, consequentemente, quebrar a cara rapidamente. Então fora isso que a fizera daquele jeito, certo? Aprender que o que o amor faz é foder com tudo sempre? É, talvez tenha sido isso mesmo. Só desejava se manter protegida e distante daquilo que prometia partir seu coração outra vez.

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